quinta-feira, outubro 26, 2006

FLORES


Ele corria muito! Era além do alcance das minhas curtas e nem um pouco atléticas pernas. E é assim que a história começa. Nem me darei o trabalho de contar quem corria, de quê, e pra onde. Fiquei muito cansada de correr, e parei. Respirei profundamente e sentia dor, estava na hora de começar a fazer mais exercícios, questão de sobrevivência. Corri tanto que já estava bem longe de casa, então resolvi seguir em frente, já não estava mais atrás de ninguém, e sem pressa alguma, segui por simplesmente andar para frente. Vinham em minha direção três gatos magrelos, capengas, tão cansados quanto eu. Tanto que acho que viram em mim alguma semelhança e vieram se roçando aos meus pés, como se eu fosse uma grande lata de sardinha. Sentei sobre uma pedra logo ali, estava uma brisa deliciosa, um Sol rachante sendo amenizado pelo ventinho gelado que vinha do mar. O MAR! Só então percebi que estava ali, à beira da imensidão azul que é o mar. Senti que meu dia estava apenas começando, senti que minha vida estava apenas começando. Na minha cabeça veio um estralo. TÁ! Que me fez sentir vontade de viver.
- Olha a vida aí, ta vendo?! – dizia o mar
E a cada onda que se quebrava minha vida ia indo, sem nem mesmo eu ver, fora de controle, fora do meu alcance.
Como isso é possível? Minha própria vida, fora do alcance de minhas próprias mãos!
Foi aí que apareceu uma menininha sorridente de longos cabelos negros, me entregou uma flor de cor que jamais havia visto antes, e disse:
- Segura que é a única!

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