terça-feira, dezembro 26, 2006

ssssssssssshhhhhhhhuuuuuuuuu! o frio que mata


Àquela hora eu já não sabia mais o que fazer. Caminhava com minha mochila nas costas, o polegar estendido a espera de uma nova carona, com um pouco de receio depois de ter sido empurrado a tapas do carro de uma senhora maluca que não se lembrava mais nem do próprio nome. Estava apavorado, tentando fugir do passado e das responsabilidades pelas quais sentia que nem era responsável, mas as coisas tomavam um rumo diferente do planejado, já há algumas semanas comecei a sentir que não estava fazendo a coisa certa.
Mas agora já não tinha volta, resolvi que tiraria o maior proveito possível da situação, e continuei andando até finalmente encontrar uma placa. “ERMO”
O nome da cidade não me agradava, mas ao pensar que finalmente poderia parar por algumas horas, deitar, não ter de pensar para onde ir, nem quando e nem o porquê já era muito confortante.
O frio era intenso, nessa época do ano sempre acho que já está frio o bastante, e fui surpreendido pelos ventos congelantes aqui do sul. Meu sonho sempre foi sair, viajar, ir para longe, além-mar. E o dia que resolvi ir já havia chegado, mas eu ainda estava no começo da minha viagem totalmente sem rumo, mas que com certeza me levaria a algum lugar.
Me aconcheguei em um amontoado de folhas secas ao pé de um portão de um casarão que parecia abandonado. O frio estava cortante. Ao deitar me senti congelar, das entranhas aos sujos fios de cabelo, cansado, com frio. Deitei, dormi. e nunca mais acordei.

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