sexta-feira, janeiro 30, 2009

sabe lá


Era a décima vez que eu saia decepcionada de um troço daqueles, não sei porque tenho essa mania de ir a espetáculos que não me interessam nem um pouco. Sozinha, saí, acendi um cigarro e mudei a bolsa de ombro para ver se passava a dor insuportável que andei sentindo nos últimos dias. Andei para o lado a que estava mais acostumada a ir, meio sem rumo, e comecei a pensar no que poderia fazer naquela noite tão gostosinha. Eu tava bem animada, principalmente porque estava me sentindo muito bonita, é engraçado como pequenas coisas fazem uma diferença notável no nosso humor. Lembrei disso e sorri, andei sorrindo e “pulandinho” cantando Pinball Wizard no meu inconsciente, por trás da onda de pensamentos que passavam na minha cabeça. Quando virei a esquina da rua Lapônia lembrei que a Letícia morava ali perto, já fazia anos que não a via, apesar de lembrar muito claramente seu jeitinho de ser e falar, o tempo passa e a gente nem vê, ela já me é uma desconhecida e eu ainda me lembro tão bem e me sinto tão próxima. Resolvi ultrapassar essa barreira que eu sempre tenho ao encontrar gente das antigas e fui tocar a campainha na casa dela, que era umas cinco casas rua acima. Atendeu a porta uma velhinha, não a velhinha que eu me lembrava ser avó dela, mas uma velhinha bem estranha, parecia não gostar muito de pessoas tocando a campainha.

“Que é, fia?”

“Ah, é, eu queria saber, ver, a, a Letícia está?”

“Não tem Letícia aqui, nunca teve.”

“Ah ta, obrigada hein.”

Estranho, como ela disse “nunca teve”, acho que ela deve morar lá há tempos, será que eu errei de casa? Esse tipo de coisas me intriga a valer, fica uma dúvida sem respostas, coisa de louco. Desencanei e continuei andando, queria aproveitar que ainda estava cedo para pegar uma mesinha no Teodoros e depois sair ligando para as pessoas, quem sabe eu não conseguia juntar uma turma bem grande ligando de um em um, mas o desafio é não mandar ninguém chamar ninguém, é eu ligando pra todos, e todos vindo.



Ainda bem que eu não me sinto mal quando as pessoas não atendem ao meu pedido, caso contrário eu seria uma coitada de uma complexada que acha que não tem amigos. É, é exatamente o que você está imaginando, não apareceu ninguém. Na verdade liguei só para três, mas três da pesada, aqueles que tão em todas e adoram todo mundo. Desisti e fiquei ali quietinha, tomando um LimonadeExtraCool, desencanada, sozinha e gostando de estar assim, sorrindo e me achando bonita. Tocou meu celular e era a Lulia, uma amiga antiga e queridíssima. Como eu não pensei em ligar pra ela?!

“Alô. To, to sim, você ta me vendo? Uia, te vi, oooii, hahaha, desce aí. Ta bom, beijo.”

2 comentários:

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